A Fundação Invisível: Acordos e Validação Real Entre Fundadores

A Fundação Invisível: Acordos e Validação Real Entre Fundadores

Cristian C.

3 de junio de 2025

Como muitos no ecossistema empreendedor, e especialmente agora que estou imerso na construção da Catapulta, tenho refletido profundamente sobre os fatores que realmente impulsionam ou freiam uma startup. Além da ideia brilhante ou do mercado perfeito, uma verdade ressoa fortemente em conversas recentes com fundadores: a relação entre cofundadores é a fundação invisível que sustenta (ou derruba) tudo. Quero compartilhar uma experiência de aprendizado pessoal sobre este tema, na esperança de que sirva à nossa comunidade.

Falei recentemente com Augusto Pinto, CEO e Co-Fundador da Fidelando, uma Startup argentina que oferece um sistema de fidelização. Conversamos sobre sua própria jornada, marcada pela dolorosa separação de um sócio. Sua história, embora única, tocou pontos comuns: a confiança inicial entre amigos que eclipsou a necessidade de formalizar acordos, visões estratégicas que com o tempo divergiram, e a dificuldade de ter conversas desconfortáveis até que fosse tarde demais. O ego, como ele admitiu, também desempenhou seu papel em não abordar as coisas com mais "frescor" ou "cautela". O mais crítico foi como a falta de um acordo claro sobre propriedade intelectual, como o registro da marca em nome de uma única pessoa, acabou forçando um processo custoso e desgastante de rebranding.

Esta experiência, e outras similares que ressoam no ecossistema, me gritam uma lição: a confiança é a base, mas acordos claros são a estrutura. Desde o dia zero, antes que o turbilhão do dia a dia nos consuma, é imperativo sentar e definir:

  • Papéis e Responsabilidades Claras: Quem faz o quê? Quem tem a palavra final em qual área?
  • Distribuição de Ações (Equity): Como é dividida? Haverá vesting para proteger o compromisso de longo prazo?
  • Propriedade Intelectual: Em nome de quem estará a marca, o código, as patentes? Como será gerenciado se alguém sair?
  • Tomada de Decisões: Como serão resolvidos os empates ou desacordos estratégicos?
  • Compromisso de Tempo e Capital: O que é esperado de cada um?
  • Cenários de Saída: O que acontece se um fundador quiser ou precisar sair?

Colocar isso no papel não é antecipar o fracasso, é profissionalismo e respeito mútuo. É proteger a ideia e o esforço de todos.

Mas como ir além do papel? Como saber se realmente há "match" para navegar as inevitáveis tempestades? É aqui que proponho um desafio, uma validação mais profunda. A ideia de "testar" a compatibilidade ressoa em mim. Não basta admirar o talento do outro; precisamos ver como ele opera sob pressão. Organizem "simulações de crise":

  • Exercícios de Decisão Forçada: Apresentem um dilema ético ou uma decisão de negócio com informações incompletas e tempo limitado. Como é o processo de deliberação? Há escuta ativa?

  • Projetos Curtos e Intensos: Colaborem em uma tarefa exigente e com prazo apertado antes de oficializar a sociedade.

  • Conversas Desconfortáveis Simuladas: Como dariam feedback construtivo sobre o baixo desempenho de um sócio? Como lidariam com um desacordo fundamental sobre a visão do produto?

  • Definição de Valores e Visão Pessoal: Além da startup, quais são os valores não negociáveis e as aspirações de longo prazo de cada um? São compatíveis?

Lembro-me de um ditado que alguém mencionou: "um cachorro com mais de um dono morre de fome". Se há duas pessoas querendo levar o leme em direções opostas, sem um mecanismo claro para unificar a visão, o projeto sofre. Estes testes podem ajudar a identificar esses potenciais pontos de fricção.

Esta reflexão me leva diretamente à Catapulta. Se estamos construindo uma plataforma para o lançamento de produtos tech e networking de empreendedores, como podemos, do nosso canto, ajudar mais fundadores a construir sobre rocha e não sobre areia? Várias ideias vêm à mente:

  1. Conteúdo e Recursos: Criar guias, checklists ou até mesmo templates base (sempre com o aviso de buscar assessoria jurídica) sobre acordos de fundadores e tópicos de validação de equipes.

  2. Espaços de Conversa Seguros: Incentivar na comunidade da Catapulta discussões abertas sobre estes desafios, onde fundadores experientes possam compartilhar seus aprendizados com os que estão começando.

  3. Metodologias e Ferramentas de "Co-founder Check": Inspirado na conversa, poderíamos explorar a ideia de propor pequenos "testes" ou "jogos de reflexão" que as equipes possam usar internamente para facilitar estas conversas difíceis mas necessárias.

  4. Incentivar a Colaboração Precoce: Talvez a Catapulta possa facilitar que startups em estágios similares deem feedback umas às outras sobre seus produtos ou ideias (como discutido, um "feedback request" interno), permitindo observar como outros trabalham e se há potencial para futuras sinergias ou até mesmo sociedades, já tendo visto o outro "em ação".

No final, escolher com quem empreender é uma das decisões mais transcendentais. Espero que esta reflexão, nascida de ouvir e aprender com nossa comunidade, sirva para que mais equipes iniciem sua jornada com fundações mais fortes. E da Catapulta, continuaremos pensando em como apoiar este processo vital.

Obrigado Augusto por compartilhar sua história! Sem dúvida estas experiências ressoarão com muitos empreendedores e ajudarão a construir melhores projetos futuros.

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Augusto Pinto

Fidelando

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